A velhice vai chegando, as doenças vão pintando, mais ou menos ameaçadoras, e a necessidade de “dar uma refrescada na cuca” vai-se tornando mais frequente.
Era esse meu pensamento, ao meditar sobre qual o tema a ser proposto para o latinório: uma explicação ligeira sobre o significado da expressão “ano bissexto”.
Quebrei a cara, literalmente. A começar pelas consultas ao Google e similares, onde você encontra vasta matéria, mas sem a garantia da certeza da informação obtida, pois, quase sempre, de responsabilidade do autor.
Vamos lá. Júlio César, já imperador (e também ditador), foi quem instituiu o calendário juliano e adotou o acréscimo de um dia ao último mês do ano, fevereiro, pois o ano, até então, principiava em março. Meus professores me haviam ensinado que Sosígenes, astrônomo de Alexandria, a quem Júlio César dera carta branca, em 46 A.C., não só preconizou o acréscimo de um dia a cada quatro anos, como também sugeriu que esse dia de acréscimo caísse entre o dia 23 e o dia 24 de fevereiro e não no último dia do mês, como seria de esperar. Diziam, então, as más línguas que a escolha do dia 23 traduziria uma “puxação” ao imperador, dia possivelmente de seu aniversário. Mas, me parece que a data de seu nascimento seria em julho, talvez dia 12. Cairia por terra a “fofoca”. De qualquer forma, como o dia 23 era chamado de “sexto antes das calendas de março”, o dia de acréscimo ficou sendo o “bis” sexto. Daí, o ano que continha esse “bis sexto” dia, ficou sendo o ano bissexto, como “bissexto” será todo acontecimento não muito frequente na nossa vida.
A coluna promete voltar ao tema, que, além de refletir louvável iniciativa de Júlio Cesar, é cheio de informações surpreendentes, inclusive quanto ao modo romano de contagem dos dias dos meses, que era extremamente complicado, ao menos para o colunista.
Ver-se-á por que o ano de 46 A.C., estendido para 445 dias (para acerto da diferença entre o ano trópico e o calendário) foi chamado “ano da confusão”.